quinta-feira, 17 de junho de 2010

Mais uma Copa do Mundo está se passando e o extinto Lago Parima do El Dorado continua esquecido pelos brasileiros.













Nada contra o fato do futebol ser o esporte preferido de nós brasileiros, é totalmente comum e nada patológico que uma nação tenha uma modalidade desportiva a que devote sua predileção. O que não é nada comum é uma nação colocar um esporte como seu símbolo nacional maior, uma vez que isso levaria seu povo a uma relação dúbia e ambígua para com tal símbolo, conduzindo a momentos de exaltação à pátria nas vitórias, seguidos por raivosas vaias e um ódio furibundo contra ela nas derrotas ,considerando que, neste caso, não seria uma mera seleção em campo, mas uma espécie de emblema metafísico revestido com qualidades transcendentes a uma mera seleção, tornando-se a personificação viva de uma nação. O problema foi o Brasil ter colocado esse esporte como o seu símbolo nacional, o que tem nos causado mazelas culturais profundas, tornando-nos reféns de um patriotismo estéril e deformado que, nos momentos de derrota da seleção brasileira, acaba fazendo com que nos voltemos odiosamente contra tal símbolo e, por conseguinte, contra a o nossa própria nação por ele corporificada. Quando nos referimos a esterilidade desse patriotismo futebolístico levamos em conta que, para os espectadores, o futebol não é uma realidade de que são agentes, e sim um sucedâneo desta, tornando-se uma fuga evasiva que serve apenas para escamoteá-la. Temos a nossa torcida na copa do mundo como o nosso dever cívico maior e nos transformamos nessa época na capital mundial do patriotismo estéril, torcemos tão fervorosamente e com tanto amor à pátria que exaurimos durante este período quase todo o nosso alento patriótico, para ,durante os quatro anos que se seguem, termos aquele fervor debelado a ponto de transformar-se em uma baça e mortiça labareda. Em razão de fugir ao meu campo de pesquisas ,não posso afirmar de nenhuma forma estarem certos aqueles que afirmam ter sido a nossa "cultura futebolística" consolidada e exaltada na época da ditadura com auxílio de órgaos de inteligência internacionais e com suporte midiático estratégico de uma determinada emissora, a fim de ser transformado artificialmente em nosso símbolo nacional. Como mero e livre observador do mundo que me cerca posso afirmar apenas que a edificação desse símbolo nacional, seja por coincidência ou não, atendeu de forma excelente os presumíveis intentos favoráveis aos ditadores, como agente facilitador das suas práticas de controle das massas, ao passo que possa ter servido a eventuais interesses internacionais que nos são adversos em todos os aspectos, talvez sem se aperceberem disso aqueles ditadores, ao consolidar uma identidade cultural nacional que constitui um entrave ao nosso desenvolvimento econômico,mental e cultural, quando nos faz vítimas do patriotismo estéril , desvirtuado e instável a que nos referimos. Enquanto isso, continuamos a tratar de forma pejorativa a nossa milenar cultura primordial, a qual deveria ser o nosso Símbolo Nacional maior, por representar um paradigma que funcionaria como um contraponto para a visão "desenvolvimentista "de origem européia e que, se integrado a esta de forma a contrabalanceá-la, poderia representar um arquétipo salvífico, em razão de nos apontar um caminho para a superação da vultuosa e quase irreversível crise socio-ambiental pela qual passamos. Mas, nos fixamos na visão desenvolvimentista e na prepotente antropologia evolucionista há muito ultrapassada, e continuamos a ver com ares de inferioridade todos aqueles nossos aspectos culturais indígenas, em razão de desconhecermos a grandeza e o avanço dos valores corporificados por nossa cultura nativa. Então, nossa cultura milenar está perdendo de goleada para uma cultura artificialmente reforçada, que é imatura não só em sua idade, mas pelo fato de nos levar a ser um povo eternamente infantil ,pois não pode ser tido como amadurecido um país que nega e inferioriza a sua própria cultura, edificando simbolos artificiais e instáveis às expensas desta. Obviamente, torceremos para a nossa seleção nessa Copa do Mundo, mas torcemos de forma mais sóbria, apenas para a nossa seleção, e não para aquele símbolo nacional artificial que ela corporifica para muitos. Para nós, ela é apenas o time do nosso amado país, e nada mais do que isso, pois não consideramos o Brasil o "País do Futebol" ,e sim o país do El Dorado, das Amazonas, do Sumé, do Peabiru, tão desconhecido pela maioria dos brasileiros. O Sumé era o "Pai de Nossa Pátria" para o gigante imortal Heitor Villa-Lobos, o inigualável estudioso da cultura brasileira que a transformou em nossa música maior, coisa com que concordamos totalmente, mas, se for assim de fato, podemos ter-nos em conta de orfãos, em razão de em geral desconhecermos totalmente quem foi "esse tal de Sumé".















domingo, 13 de junho de 2010

El Dorado do Parima: Em defesa do Ayahuasca, por uma Terra Sem Males.


Fujo agora do tema principal desse blog, pertinente à descoberta do extinto Lago Parima do El Dorado, para discorrer sobre um assunto indiretamente relacionado, que trata do inviolável direito de liberdade religiosa no concernente à utilização sacramental do Ayahuasca, diante das recentes perseguições de uma minoria política de inquisidores que, após o lamentável assassinato de Glauco Villas Boas, está tentando proibir tal uso para não indígenas. Peço que me compreendam os respeitáveis membros e líderes das grandes religiões, que em sua imensa maioria há muito tem sido norteados pelos princípios da honestidade, do ecumenismo e da tolerância religiosa, sendo os comentários um pouco duros que faço aqui não direcionados de nenhuma forma a estes, mas apenas aos que estão na contramão da história e lutam pelo fortalecimento do falido proibicionismo e pela perseguição religiosa. Na verdade, a legislação vigente no Brasil já cerceia em parte a liberdade religiosa em relação ao Ayahuasca, considerando que as organizações religiosas que o utilizam são as únicas de nossa nação a que não é permitido fazer catequese, o que denota um certo preconceito da sociedade e dos políticos nacionais em relação às culturas nativas de nosso país, que sempre tiveram em sua grande maioria a utilização de entéogenos como um aspecto indissociável de suas práticas religiosas. É permitido a outras igrejas que reconhecidamente extorquem os seus fiéis criarem gigantescas campanhas e missões catequéticas com exércitos de pregadores, enquanto isso é vedado às nossas religiões nativas que nunca tiveram um número muito grande de adeptos nem grandes pretensões financeiras, e que por direito tinham que ser tidas como patrimônios culturais, devendo, portanto, ser incentivadas, ao invés de tolhidas em sua liberdade de pregação. Outro caso em que a liberdade religiosa é restringida em relação às religiões utilizadoras de Ayahuasca trata da vedação ao turismo religioso que envolva a utilização dessa beberagem. Em países cujas culturas nativas utilizavam Ayahuasca como a Bolívia e o Peru essa modalidade de turismo é feita sem qualquer empedimento do Estado, existindo uma infinidade de sites de turismo desses países que incluem a categoria de "turismo espiritual", na qual são oferecidos oficialmente na programação rituais com o uso daquela beberagem ou do cactos San Pedro, considerando que as autoridades desses países entendem ser legítimo o interesse de centenas de milhares de pessoas de todo o mundo em experimentar estas plantas para fins religiosos. Em nosso país é pemitido a certas religiões neopentecostais que reconhecidamente extorquem e ludibriam seus fiéis fazerem gigantescos eventos turísticos, com a participação de caravanas de todo o Brasil, e normalmente com a presença de de dezenas de milhares deles aonde são realizados pretensos "milagres" que, na maioria das vezes não passam de hipnose, neurolinguística ou de puro charlatanismo, sendo tais milagres em série eficientes chamarizes para que os exaltados fiéis se animem a contribuir de forma mais generosa com o dízimo. Assim, milhares de fiéis seriamente adoentados param de tomar remédios crendo terem sido curados, quando, na verdade, foram vítimas de uma mera hipnose que, no máximo, pode mascarar temporariamente seus males, e isso é sem dúvida um caso de saúde pública muito mais preocupante do que aquele que envolve o Santo Daime. Não afirmo que nas igrejas neopentecostais não possam ocorrer autênticos milagres, contudo pode-se observar que o que muitas delas fazem é utilizar práticas bastante conhecidas pela psicologia comportamental a que tanto recorrem os livros de auto-ajuda, além de grandes psicólogos internacionais terem já afirmado oficialmente que muitas igrejas desse tipo utilizam técnicas de hipnose e sugestão mental, tendo algumas obtido tamanha sofisiticação a ponto de utilizar técnicas de neurolingística de Milton Erickson, Richard Bandler ,John Grinder, José Silva, entre outros, para produzir pretensos milagres em grande escala, sendo justamente os representantes políticos de tais igrejas os mesmos que perseguem em suas pregações os bem mais inocentes Santo Daime e Candomblé, com seus enteógenos sagrados Ayahuasca e Jurema , discriminado algo que deveria ser tido como Patrimônio Cultural Nacional e, por conseguinte, devidamente protegido contra quaisquer práticas discriminatórias. Quanto às religiões ayahuasqueiras, o que a legislação vigente brasileira faz é regulamentar seu uso de forma a conter e frear seu avanço, impondo entraves a sua prática e expansão, o que notadamente é anti-constitucional e já denota uma certa perseguição religiosa,ainda que não ostensiva. Agora, aquela minoria deseja piorar ainda mais as coisas e vedar a utilização do Ayahuasca para não indígenas. Dessa forma, o Direito Eclesiástico de Estado seria totalmente subvertido, uma vez que perseguiria de forma excludente religiões com influência nativa, enquanto incentivaria a prática das de origem estrangeira em detrimento daquelas. E isso só se sucede nos países que perseguem e exterminam suas culturas nativas, como no caso de uma nação que se diz avançada e de fato o é em muitos outros aspectos, mas que simplesmente destruiu e obliterou na imensa maioria de seus Estados sua cultura ancestral a fim de exaltar exclusivamente valores que a esta eram opostos, e não de integrá-los as seus paradigmas nativos de forma a contrabalancear-lhes e atingir um ponto de equilíbrio. Assim, devido em parte a isso, tal país que se diz avançado e de fato o é em vários aspectos se tornou o maior poluidor do mundo, além de ter se revestido com uma mórbida sede de poder que acabará por tornar-se a sua ruína, se é que já não está se tornando, sede esta completamente estranha a sua cultura nativa.
















Como participante da descoberta do extinto Lago Parima do El Dorado e pesquisador das tradições indígenas da América Latina exponho minha opinião pessoal sobre essa minoria política e religiosa retrógrada que, certamente motivada pela intolerância, pretende criar um tribunal de inquisição contra a nossa cultura nativa. Além disso, essa minoria política, se realizar os seus intentos, o que é muito difícil, agravará ainda mais a condição de nosso quase colapsado sistema penal, que está inflado a ponto de explodir, e que parece estar prestes a voltar-se contra nós, em razão de estar tal sistema numa situação extremamente periculosa por alimentar ainda mais o ódio da multidão de furiosos delinquentes encarcerados em condições muitissimo precárias que cresce tão violentamente a ponto de ter se duplicado nos últimos nove anos, segundo dados oficiais ,sendo uma das dez maiores do mundo, além de mostrar-se cada vez mais organizada, tendo formado uma das mais poderosas facções criminosas de todo o planeta. Primeiramente, como pesquisador das tradições nativas latino-americanas, devo dizer que o Ayahuasca, cujo próprio nome remete a um Imperador Inca, possui imenso valor cultural, sendo um dos símbolos maiores da Integração Cultural da América Latina, por simbolizar a irmanação e a difusão de conhecimentos de duas vias entre os indígenas brasileiros e os da Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. Depois disso, devo dizer que uma das realidades do "homem civilizado brasileiro" que mais são contrárias aos paradigmas da imensa maioria dos indígenas da Amazônia, abaixo de de nossa irresponsabilidade ambiental e ganância, é o nosso falido sistema penal, possuindo tais indígenas plena autoridade para julgar tal sistema na mais justa medida, por terem atingido em sua maioria algo bem próximo do Ideal da Justiça entre os membros de suas respectivas culturas ,com o auxílio de seus princípios e códigos normativos sócio-religiosos, nos quais o uso sacramental de enteógenos exerce importante papel, de forma a reduzirem ao máximo a necessidade de práticas punitivas entre si, sendo a taxa de homicídios entre os indígenas etnia, a exemplo dos Yanomâmi, Macuxi, Tukano, etc. talvez inferior a de muitos países da Europa. Gostaria de no futuro ter a oportunidade de mostrar para um grande pajé e de registrar sua opinião sobre as atrocidades perpetradas por nossa sociedade apresentadas em documentários como "O Prisioneiro da Grade de Ferro ", uma premiadíssima obra prima feita pelos próprios presidiários do já extinto Carandiru enquanto este estava ativado, que mostra com absoluto realismo a situação do sistema penal brasileiro, além de revelar aos incautos a eminência de uma guerra civil com ares políticos, considerando que a poderosíssima facção criminosa tratada no referido documentário está cada vez mais organizada e pretensamente politizada, chamado-se entre si de "companheiros ", além de ter-se em conta de "Partido". Com certeza, o pajé que visse tal filme ficaria absolutamente chocado, além de poder demonstrar que dentro de sua sociedade a Justiça é praticada de forma quase ideal e não da forma demagógica e subvertida como a praticamos, em razão de que o seu sistema socio-religioso reduz ao mínimo a necessidade de práticas repressoras e, quando tem de utilizá-las, o faz em geral de forma bem mais humana e compassiva. Dentre muitas outras eficientes práticas preventivas utilizadas pelas culturas indígenas brasileiras em geral está a de não serem estas espancadoras e torturadoras de crianças como a nossa sociedade muitas vezes o é, além de não condená-las à supressão de suas necessidades básicas primordiais como o fazemos, e isso é uma das pincipais práticas preventivas por eles praticadas por nós esquecidas. Outra de suas grandes virtudes é a de não se explorarem mutuamente ,nem condenarem à miséria seus iguais através das mais-valia e da usura. Se esse filme fosse mostrado a um pajé especialista em Ayahuasca como o já falecido Gabriel Gentil, um verdadeiro luminar e grande intelectual dos Tukano, tenho a certeza que isso resultaria numa aula de educação com lições avançadas de antropologia para o "homem civilizado"brasileiro .E ,se porventura dissesse a tal pajé que produtores de Ayahuasca não indígenas podem vir a ser condenados a perecer em lugares como aquele extinto presídio, no caso do Projeto de Lei pertinente ser aprovado ,ele consideraria isso uma perversão da justiça e uma verdadeira guerra religiosa e cultural, contrária a tratados internacionais.

Que autoridade moral tem o "homem civilizado" para julgar as religiões indígenas utilizadoras de enteógenos da Amazônia, sendo que estas foram um importante instrumento para garantir que a imensa maioria dos que habitam essa floresta alcançassem dentro de suas respectivas culturas o Ideal de Justiça que nem mesmo almejamos, por considerarmos para nós utópico? Que autoridade temos nós para censurar os costumes indígenas, se é a nossa moribunda "civilização" quem está ameaçando o sagrado equilíbrio da vida planetária? Sendo assim, o Estado não tem o direito de reprimir os não indígenas que se inspirem em valores e práticas religiosas de nossa cultura nativa, considerando que muitos valores apregoados por nossa moribunda "civilização" estão sem qualquer dúvida nos conduzindo inexoravelmente para a maior crise até agora enfrentada pela raça humana, tendo nós consumido o nosso planeta como uma insaciável besta devoradora. Mas políticos inquisidores, induzidos por retrógradas motivações religiosas, ou ideológicas querem forçar a conversão dos poucos brasileiros que ainda se fazem adeptos de religiões sincretistas indígenas. Na verdade, eles devem olhar para as suas próprias religiões e para a cultura da usura de que são herdeiros, cuja história é manchada pelas mais cruentas guerras motivadas por uma insaciável ganância de poder e, sobretudo, para o insustentável problema do sistema penal e jurídico brasileiro, com seus bárbaros presídios e intermináveis filas processuais. Mais ainda, a fim de tentar evitar o eminente colapso de nosso sistema penal ,esses políticos devem ouvir com maior seriedade as reivindicações em grande parte legítimas de mudanças em nosso sistema penal fundamentadas nos Direitos Humanos feitas por aquela poderosíssima facção criminosa que está tomando ares políticos, pretensos ou não ,e se autodenominando de "Partido", ao invés de querer aumentar ainda mais as nossas intermináveis filas processuais e presídios com os milhares de pacíficos religiosos que continuariam legitimamente a utilizar o Ayhuasca por desobediência civil.

O fato dessa facção criminosa, se a admitirmos como organização em parte política, ser uma grande infratora dos Direitos Humanos ,não justifica que também o sejamos para com ela, pois, a partir do momento que violamos os seus direitos como o fazemos nos aproximamos deles em sua perversidade, assim ,somos irmãos na crueldade e na desgraça social, embora aparentemente estejamos do lado dos "mocinhos" e eles dos "bandidos" . A injustiça é praticada por ambas as partes, e todas são culpadas, embora em graus diversos, sendo apenas essa graduação de culpa que as distingue, desconsiderando aqui aquela categoria de bandidos disfarçados de mocinhos tão comum em diversas instiuições brasileiras , que colocamos numa classe particular, a de bandidos institucionalizados, por se diferem dos bandidos apenas por serem protegidos e resguardados por tais instituições, sem, porém, deixar de igualar-se àqueles em sua culpabilidade. Chegamos ao cúmulo de permitir que uma organização criminosa diminuisse drasticamente a violência gratuita, os estupros e os assassinatos dentro dos presídios, coisa que seria uma terefa para a sociedade e os políticos brasileiros, mas nos furtamos disso por sempre termos sido cúmplices daqueles que veêm os presídios como depósitos para isolamento de detentos, assim, nos eximimos de qualquer responsabilidade perante a preservação das vidas destes, o que diminui a distância da tênue fronteira entre os "mocinhos" e os "bandidos". Na verdade, se tais bandidos parassem de perpertrar injustificáveis homícidios gratuitos contra os bodes expiatórios e os que são culpados apenas por omissão, diminuiriam a ponto de tornar quase imperceptível essa tênue fronteira que nos separa. Sendo assim, cumpre a nós, antes de tudo, nos humanizarmos e implementarmos melhorias em nossos degenerados sistemas sociais e penais, antes de pensarmos em condenar ao cárcere os seguidores de aspectos religiosos da cultura Amazônica que contribuíram para que muitos de seus grupos indígenas se aproximassem do Ideal da Justiça que nunca nem mesmo vislumbramos claramente, seja ela de âmbito jurídico, social ou ambiental. Infelizmente ,um esquisofrênico que frequentava eventualmente o Santo Daime assassinou um de seus líderes religiosos, o que coloca seus membros em luto passageiro. Já, muitos líderes e membros igualmente esquisofrênicos das grandes religiões perpetraram ou perpetram verdadeiros massacres, sendo isso também digno de luto, porém, neste caso, logicamente tal luto deve ser proporcional à dimensão das atrocidades por tais religiões já cometidas, não obstante reconheça serem estas na atualidade compostas em sua maioria por muito respeitáveis líderes religiosos.

















quinta-feira, 10 de junho de 2010

A grande mídia brasileira demonstra imaturidade ao negligenciar o El Dorado do Parima.














Reconhecemos que a grande mídia é uma indústria, e, como tal, possui interesses acima de tudo e quase exclusivamente comerciais, sobretudo em países governados por políticos e legislações capitalistas, como é infelizmente o nosso caso, segundo a opinião particular do autor desse texto. O fato da grande mídia ser comercial em sua essência justificaria então a larga predominância do chamado besteirol em sua programação. Contudo, se compararmos duas grandes mídias quase puramente comerciais, como a americana e a brasileira, veremos que, apesar de em ambas predominar largamente o besteirol, na primeira vê-se que tal besteirol é impregnado de conteúdo patriótico e de afirmações recorrentes da grandeza da cultura nacional. Em quase toda a programação americana, seja jornalística ou de entretenimento, vê-se insistentemente ,seja de forma meramente insinuativa ou explícita, a afirmação da grandeza americana e um culto quase obcessivo ao "American Way of Life ". E, embora muitos possam discordar que seja culturalmente edificante aos Estados Unidos o "American Way of Life", todos terão que convir se mostrarem os valores expressos em seu conteúdo semântico econômica e estrategicamente edificantes, sendo estes um propulsor para o desenvolvimento financeiro dessa potência. Já , no caso do besteirol brasileiro, insinuamos valores que nos são adversos em todos os aspectos, sejam culturais, estratégicos ou econômicos. A imagem do "País do Jeitinho Brasileiro" é em certos aspectos contrária à do"American Way of Life ", e nos impele para a ruína econômica, considerando que , para crescermos financeiramente teremos que vencer a crise de caráter implícita em nosso símbolo nacional. Lembremos que o pedagógico e emblemático personagem "Zé Carioca" , com que fomos "educados" durante e após a segunda guerra, personagem este que foi estrategicamente elaborado para atender à política imperialista de dominação panamericana de Roosevelt, parece ter sido o precursor do símbolo do "Jetinho Brasileiro", tal como o conhecemos na atualidade, o que nos leva e cogitar a possibilidade de nossa identidade nacional ter sido artificialmente criada, ou, dizendo de forma mais apropriada, reforçada em seus aspectos mais nocivos. E quem se lembra dos "pedagógicos " filmes de Walt Disney "Alô, Amigos "feito em 1942 e dos "Três Cavaleiros" de 1945, que lançaram o Zé Carioca e outros personagens que caricaturam os latino-americanos, nos quais estes são sempre associados a vícios de caráter, no caso do primeiro tidas como indolência, permissividade moral, malandragem ,vagabundagem, enquanto os personagens americanos são exaltados em suas virtudes mais elevadas. Coincidência ou não, outra imagem adversa muito difundida em nosso besteirol e bem reforçada nos gibis do Zé Carioca é a do" País do Futebol", e isso nos leva a um patriotismo oscilante e instável, que nos faz exaltar com irracional e passageiro fervor a nossa nação em dias de vitória e a termos o nosso patriotismo derrocado em dias de derrota, levando-nos a um complexo de inferioridade nacional quando perdemos. Quando nossa seleção está em campo, ela não é como um outro time qualquer, pois se reveste de algo a ela transcendendente, não sendo uma mera seleção de futebol, mas o símbolo vivo e personificado de um país em campo. Se comparamos a seleção brasileira com o "Dream Team",o análogo internacional mais próximo daquela, veremos que a primeira é um símbolo nacional, enquanto o segundo é de importância secundária para a formação da identidade cultural americana, que não é oscilante, mas de solidez tamanha que mantem-se quase inexpugnável mesmo nos momentos de perigosas crises.

Nossa mídia, na qualidade de indústria capitalista, só amadurecerá como tal, a partir do momento em que começar a entender a supracitada diferença entre o "besteirol" brasileiro e o americano. Um Símbolo Nacional edificante sem dúvida é um importante impulsionador da economia de um povo e, por conseguinte, de sua mídia, que muito ganharia com o crescimento do poder econômico da nação em que é sediada decorrente de sua consolidação. Somente a imagem da Amazônia é mais célebre no exterior do que o nosso futebol e Carnaval. Mas, como dissemos na postagem anterior,o Brasil desconhece a cultura amazônica,uma vez que condenou ao esquecimento seus aspectos culturais maiores. Se o Símbolo Nacional do Brasil fosse associado aos nossos aspectos culturais maiores, seríamos o País do El Dorado ou o País das Amazonas, e não o do futebol, do Carnaval e do Jeitinho Brasileiro. Então, hoje em dia teríamos desenvolvido , incorporado e adaptado para o mundo moderno os paradigmas que refletem a grandeza de nossa verdadeira cultura, paradigmas estes reverenciados em filmes como o "Avatar", por representarem um arquétipo coletivo que poderia salvar a nossa civilização do estrondoso colapso que está cada vez mais eminente. Mas, os aspectos maiores da cultura da Amazônia como o El Dorado e as Amazonas foram esquecidos pela mídia e pela sociedade brasileiras. Não afirmamos que a grande mídia brasileira deveria ter recebido a descoberta do extinto Lago Parima do El Dorado como algo comprovado, pois esta deve tratar de um assunto de tamanha seriedade com extrema cautela, para não correr o risco de divulgar como comprovado algo que poderia ser apenas uma teoria engenhosa. Sendo assim , a grande mídia não deveria tê-la ignorado, mas a divulgado a título de mera teoria engenhosa defendida por especialistas mundialmente qualificados nos campos específicos, a fim de que a nossa sociedade clamasse por projetos de pesquisas que visassem comprovar ou contestar definitivamente aquela. Mas ,a grande mídia resolveu ignorar esse assunto por considerá-lo tabu e por desconhecer totalmente as menções históricas pertinentes ao El Dorado, também tidas como tabu por nosso meio acadêmico. Seja obra do acaso ou não, o El Dorado e as Amazonas são temas tabus para a mídia e o meio acadêmico brasileiros, assim permanecem como símbolos latentes e mortificados os únicos arquétipos coletivos brasileiros que se equiparam em sua celebridade ao emblema do país do Carnaval, do Futebol, do Zé Carioca e do Jeitinho Brasileiro. É preciso que a nossa grande mídia e o nosso meio acadêmico se desvinculem desse preconceito, a fim de que a nossa ciência possa trazer à luz aquilo que algum dia poderá tornar-se um Símbolo Nacional dotado de tamanha força a ponto de atenuar as mazelas causadas pelo contínuo reforço midiático dos símbolos nacionais adversos que artificialmente consolidamos. O desenho abaixo, endossado pelas denúncias de Generais do Exército que temos em conta de verdadeiros Heróis Nacionais, mostra o quanto pode nos custar a omissão da mídia brasileira em relação a esse assunto.











terça-feira, 8 de junho de 2010

Os mapas antigos situam o Lago Parima(e) do El Dorado em Roraima e na Guiana, na região em que comprovamos ter este existido no passado recente.


A exemplo desse mapa (Bonne´s Map), feito em 1780, os cartógrafos antigos colocavam na antiga Guiana o gigantesco mar interior salgado chamado de Lago Parima(e), Manoa , Rupununi ou Mar Branco, tido historicamente como marco geográfico do mundialmente célebre El Dorado, situando este e outros mapas tal lago na exata região de savana amazônica plana e parcialmente alagável na atualidade de Roraima e da Guiana em que descobrimos ter existido um gigantesco lago salobro recentemente extinto, o que nos leva fatalmente à identificá-lo com aquele. Isso mostra ser incoerente ou precipitada qualquer associação dos geoglifos do Acre ao El Dorado, assunto sobre o qual tratamos nas postagens anteriores.Nesse mapa ,vê-se claramente que o Lago Parima(e) se situava na " Prov. de Guyane ", sendo atingido pelo Rio Branco (R. Blanco), também chamado nesse e em outros mapas de "R. Parime", possuindo o mesmo nome do Lago do El Dorado em razão de atingí-lo, tal como afirmado de forma recorrente pelas menções históricas.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

São infundadas e até agora não comprovadas quaisquer hipóteses que associem os Geoglifos do Acre ao El Dorado.

Hipóteses como a mencionada na postagem anterior, até agora destituídas de provas, estão desviando as atenções da região comprovadamente relacionada ao El Dorado, situada em Roraima e na Guiana, aonde foi descoberto o extinto Lago Parima, tido historicamente como o marco geográfico daquele. Pedimos aos pesquisadores relacionados que sejam mais comedidos em suas declarações até encontrarem evidências convincentes, a fim de que a região comprovadamente associada ao El Dorado não seja negligenciada pelas autoridades brasileiras em virtude desse desvio de foco. Por causa dessas declarações precipitadas, as autoridades brasileiras estão preterindo a região comprovadamente relacionada ao El Dorado em favor de outra localidade, cuja associação com aquele é meramente hipotética.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Afinal, o El Dorado se situa na região do extinto Lago Parima de Roraima e da Guiana ou no complexo de geoglifos do Acre e de Rondônia?


Recentemente, temos visto artigos como aqueles publicados no Antiquity e no The Guardian que associam os Geoglifos do Acre ao El Dorado, o que tem levado a uma grande confusão sobre o esse tema, uma vez que historicamente a localização clássica deste não é colocada na supracitada região, e sim em Roraima e na Guiana, no local aonde os mapas antigos o situavam e em que foi por nós descoberto aquele que era tido historicamente seu marco geográfico, o gigantesco mar interior extinto chamado de Lago Parima (e), Manoa, Rupununi ou White Sea. Como membros da equipe de Roland Stevenson e descobridores do extinto Lago Parima, cumpre a nós tentar lançar algumas luzes sobre esse tema que, após tais artigos, tornou-se ainda mais intrincado. A arqueóloga reponsável por essa teoria parece estar desfigurando um mito para adaptá-lo as suas concepções em parte comprovadamente equivocadas. É certo que os estudos da arqueóloga responsável por essa teoria estão contribuindo para o esclarecimento do tema respeitante ao Reino dos Omáguas, às vezes chamado historicamente de El Dorado dos Omáguas, contudo ,quanto ao mundialmente célebre El Dorado, o de Paititi e do Lago Parima, ela simplesmente subverte e distorce o mito,assim como as menções históricas pertinentes, de forma a adaptá-los as suas necessidades. Elogiamos o meritosíssimo trabalho dessa arqueóloga sobre o Reino dos Omáguas, contudo comprovamos estar inteiramente equivocada a maior parte seu trabalho em relação àquele que constitui o mundialmente celebre El Dorado dos Incas, ou seja, o El Dorado do Lago Parima, Manoa ou Rupununi.

Em primeiro lugar ,devemos esclarecer que não descartamos a possibilidade de existirem duas regiões distintas que possam representar a silhueta histórica do mito do El Dorado, além, é claro, da região do Lago Guatavita da Colômbia, que deu origem primeva a esse termo. Nesse caso hipotético, os Incas teriam conquistado e se estabelecido em parte de Rondônia e do Acre, se apossando da grande província mineral existente nessa localidade, da mesma forma que comprovadamente o fizeram na região que compõe o El Dorado do Lago Parima de Roraima e da Guiana .Assim, hipoteticamente, o El Dorado seria uma mitificação de duas realidades históricas concretas e diversas, representadas por ponteiros do Império Inca situados nessas duas grandes províncias minerais distintas da Amazônia. Então, a região dos Geoglifos do Acre seria associada ao El Dorado do Paititi ,enquanto a de Roraima e da Guiana seria associada ao El Dorado do Parima ou de Manoa, tal como comprovadamente o foi, a partir do momento em que ocorreu a descoberta do extinto Lago Parima. De fato, muitos especialistas em El Dorado mundialmente reconhecidos, como o antropólogo membro de nossa equipe Gregory Deyermenjian, distinguem o El Dorado do Paititi do El Dorado do Parima, colocando cada qual em uma dessas respectivas localidades. Contudo , o Dr. Deyermejian tem o El Dorado do Parima como a mitificação de uma realidade histórica concreta, ao passo que considera o El Dorado do Paititi até agora meramente hipotético, sendo nós concordantes com sua posição. Não obstante, em certos casos, como no da Relação de Alvarez Maldonado(1568) citada de forma distorcida pela arqueóloga responsável por aquela teoria, o El Dorado de Paititi é identificado com um gigantesco lago (Lago Parima(e) ou Manoa), sendo por ele situado claramente numa região muito próxima ao Mar do Norte como o colocamos em uníssono com os mapas antigos, e não na localidade apontada por tal arqueóloga. É preciso fazer um aparte, porém,afirmando que na Relação de Alvarez Maldonado, a localização de tal lago não é colocada com grande precisão, ao contrário de diversos mapas antigos e menções históricas, que colocam esse lago(Parima) no exato local em que o situamos. Então, em certos casos excepcionais, como no daquela Relação ,o El Dorado do Parima parece ser associado ao El Dorado de Paititi, o que dificulta ainda mais a comprovação do trabalho daquela arqueóloga. Pior ainda para os defensores daquela teoria é quando essa arqueóloga afirma através de evasivos malabarismos teóricos sem qualquer fundamento que o Lago Parima é o Rio Amazonas, e isso mostra-se totalmente descabido. É terrivelmente forçado e não faz qualquer sentido tentar associar o Lago Parima ao Rio Amazonas ,isso violenta as inúmeras menções históricas respeitantes ao Lago Parima. Lembremos que os maiores naturalistas e geógrafos do sec. XIX, após investigarem profundamente as mençoes históricas e tradições indígenas relacionadas, concluiram que a lenda do Lago Parima havia tido origem na mesma região de que tratamos.Não perderemos tempo aqui tentando explicar em poucas linhas essa teoria descabida, pois nem a sua criadora conseguiu explicá-la satisfatoriamente num artigo de várias páginas.Dizemos apenas que, se foi por nós descoberto um imenso lago extinto na exata região tida historicamente como a localização clássica do gigantesco Lago Parima, aquela teoria está com toda certeza equivocada.

Lembremos serem até onde sabemos inexistentes as menções históricas que situam o El Dorado do Parima na região amazônica fronteiriça entre o Brasil, Peru e Bolívia, ao passo que são muitíssimo abundantes e precisas as menções históricas que situam o El Dorado do Lago Parima na antiga Guiana, abaixo da Serra Pacaraima e a oriente da grande Serra Parima, que inclusive até hoje possui o nome que os indígenas Caribe davam ao gigantesco lago salgado do El Dorado, significando Serra do Lago Grande, devido certamente ao fato de que, na época em que esta foi denominada pelos indígenas, de seu cimo o gigantesco lago recentemente extinto por nós descoberto ainda podia ser observado na linha do horizonte.Não é à toa que o rio Branco(RR) chamava-se rio Parima (e), segundo diversas menções históricas e mapas antigos,além do que diversos rios da região conservam essa mesma nomeclatura até os dias de hoje. Embora a supracitada relação de Alvarez Maldonado não seja tão clara quanto a localização daquele lago, diversas outras apontam essa localização com absoluta clareza. Tanto que, por três séculos ,essa região que atualmente compõe parte de Roraima e da Guiana permaneceu nos mapas antigos como sendo a localização do Lago Parima do El Dorado. Sem qualquer dúvida é essa, e não aquela, a região que pode ser tida como a localização histórica clássica do El Dorado. Indubitavelmente, era nessa região que os Incas, Caribe, Macuxi, Achauá, entre outros, diziam existir o El Dorado do Parima ou de Manoa, que tinha como marco esse gigantesco lago, o que é comprovado por inúmeras menções dos cronistas coloniais, tendo sido este o principal motivo dos mapas antigos colocarem aquele na referida localidade. Já, nenhum mapa antigo coloca o El Dorado na região fronteiriça Brasil-Peru-Bolívia, o que dará bastante trabalho aos pesquisadores que desejem comprovar aquela hipótese, a não ser que encontrem a até agora mítica metrópole Inca. O problema daquela hipótese é a ausência de menções históricas ou mapas antigos que coloquem o El Dorado, seja de Paititi ou do Parima, na região por ela proposta, o que pode indicar ter sido esta apenas uma das províncias minerais auríferas utilizadas pelos Incas, e não aquela que legitimamamente pode ser associada à Província Mineral do El Dorado, mesmo que os pesquisadores comprovem terem os Incas utilizado também os minerais da primeira advindos.

Não obstante, a hipótese que associa a região dos Geoglifos do Acre ao El Dorado do Paititi pode sem qualquer problema estar pelo menos em parte correta, sendo bastante possível que os Incas conhecessem e utilizassem também a grande província mineral existente no Acre e em Rondônia. Se levarmos em conta terem sido encontradas em Rondônia armas Incas feitas em esmeralda originária da Colômbia, além das estradas de pedra possivelmente Incas de Rolim de Moura e os muros da Serra da Muralha de Abunã, admitimos ser plausível, porém ainda muito distante, a hipótese que associa essa região ao El Dorado do Paititi. Mas, obviamente ,os geoglifos não são associados aos Incas nem ao El Dorado, simplesmente por serem em sua maioria anteriores a estes, o que mostra ser até agora extremamente forçada qualquer associação direta de tais geoglifos àquele. Ora, devemos lembrar que o próprio termo El Dorado , seja do Parima ou de Paititi, remete a uma grande colônia Inca e a uma grande província mineral Inca, e não a algo relacionado aos pre-incas ou a outros povos . Não queremos desmerecer o imenso valor cultural dos geoglifos do Acre, os quais constituem a segunda maior descoberta do Brasil nos campos específicos por comprovarem a existência do antes mítico Reino dos Omáguas, perdendo apenas em importância para a descoberta do Lago Parima, pois esta comprova possuir o mito do El Dorado uma fundamentação histórica. Dizemos apenas que a imensa maioria destes geoglifos são anteriores aos Incas ,não podendo, por isso, serem eles associados ao El Dorado do Paititi, a menos que sejam encontrados artefatos Incas no subsolo destes, provando a sua ocupação por tal povo. Lembremos que o próprio nome Paititi remete direta e fatalmente aos Incas. Então, não podemos relacionar ao termo El Dorado de Paititi quaisquer vestígios que comprovem a existência de civilizações pré-cabralinas com avançado nível técnico nessa região da Amazônia brasileira, a menos que tais vestígios sejam de procedência Inca e que comprovem terem estes conquistado a região pertinente e utilizado sua província mineral. E ,ainda assim, mesmo que tais vestígios fossem encontrados dentro dos geoglifos, restariam dúvidas a respeito de uma eventual relação destes para como o El Dorado do Paititi. Ao que tudo indica, os geoglifos e lagoas artificais descobertas naquela região fornteiriça representam a silhueta histórica de uma cultura chamada historicamente de Reino dos Gran Moxos ou Reino dos Omáguas, e não ao El Dorado de Paititi, uma vez que este é indissociavelmente relacionado aos Incas. Certamente, o Reino dos Omáguas tomou emprestado por breves momentos da história o nome daquele, tendo sido chamado historicamente de "El Dorado dos Omáguas", contudo todos hão de convir que este mito não atingiu nem a décima parte da repercussão mundial do El Dorado Inca, representado pelo de Paititi e do Lago Parima ou Manoa. Para nós e para todo mundo, o El Dorado é associado aos Incas, e não aos tão pouco conhecidos Omáguas. Com efeito ,o El Dorado dos Omáguas é de importância histórica secundária se comparado ao primeiro, jamais podendo equiparar-se em sua celebridade e valor cultural ao El Dorado do Parima e de Manoa.

Sendo assim, para lançar-se a difícil tarefa comprovar a hipótese de que a supracitada região de Rondônia e do Acre representa a silhueta histórica do El Dorado de Paititi, os pesquisadores devem concentrar-se em encontrar mais sítios Incas que indiquem ter sido ela conquistada e explorada em suas jazidas minerais por tal povo, de forma a não colocar os Geoglifos em si mesmos como os sustentáculos de tal associação, o que seria bastante forçado e descabido, a menos que fosse comprovado que os Incas os ocuparam e utilizaram. Ainda assim, restará aos pesquisadores a difícil missão de comprovar ser essa a Província Mineral do El Dorado do Paititi, e não apenas uma das províncias minerais ordinárias dos Incas,levando em conta a ausência de menções históricas e de mapas antigos que o coloquem nesse local. Quanto à Serra da Muralha, devemos lembrar que seu estilo arquitetônico remete mais aos pré-incas do que aos Incas da região fronteiriça da Bolívia e Peru. Portanto, somente após serem realizadas escavações na Serra da Muralha (RO) poderemos cogitar sobriamente sobre a possibilidade desta ter de fato alguma relação com o El Dorado do Paititi, considerando que se for de procedência pré-inca tal relação não poderá ser afirmada, a menos que achados indiquem ter sido ela ocupada pelos Incas. Da mesma forma, enquanto não forem feitas escavações nas estradas provavelmente Incas de Rolim de Moura(RO) não se poderá afirmar de forma mais embasada tal relação. As armas de esmeralda Incas descobertas em Rondônia comprovam apenas a presença desse povo na região determinada, o que por si só já é muito importante, indicando que houveram lutas para conquista territorial visando a expansão do Império Inca, mas ainda é cedo para afirmar categoricamente que o El Dorado do Paititi possui fundamentação histórica comprovada pelos achados de qualquer ordem dessa região. As estradas de pedra, ao que tudo indica pré-colombianas, encontradas em Rolim de Moura, representam muito provavelmente as vias utilizadas estrategicamente pelos Incas para consecução de seus propósitos de expansão territorial, mas ainda é muito cedo para irmos além disso e afirmarmos precipitadamente ter sido descoberto o El Dorado de Paititi. De qualquer forma ,parabenizamos os desbravadores daquilo que, caso novas pesquisas o comprovarem futuramente, pode constituir de fato a fundamentação histórica do El Dorado do Paititi. Já ,quanto à fundamentação histórica do El Dorado do Parima, podemos afirmar ter sido esta definitivamente comprovada, a partir do momento em que foram descobertas imensas jazidas auríferas, diamaníferas e de gemas preciosas de aluvião e subsolo na exata localização em que as menções históricas situavam a Província Mineral do El Dorado do Parima e , sobretudo, a partir do descobrimento do gigantesco extinto Lago Parima que era o marco geográfico daquela, a menos que tal descoberta não tenha ocorrido ,mas esse não é caso, considerando que provas de diversas ordens, algumas enunciadas no decorrer desse blog, comprovam definitivavente que aquele lago existiu de fato no passado ,não tendo sido antes descoberto em razão de ter se secado. E, se assomarmos a descoberta do gigantesco extinto Lago Parima e da gigantesca província mineral situada em seu entorno as provas de âmbito histórico, arqueológico, linguístico ,antropológico e etnológico acerca da presença Inca em Roraima, sobre as quais continuaremos a tratar no decorrer desse blog ,podemos ter absoluta certeza de que o El Dorado do Parima não é uma mera lenda, mas a mitificação de uma realidade histórica comprovada.