terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Precisamos conhecer mais a parte da cultura e da história da Inglaterra que nos diz respeito, assim como os historiadores e indigenistas ingleses.


Visto que o capítulo mais grandioso e épico de nossa história, constituído pelo El Dorado do Parima, está intimamente relacionado à cultura e à história da Inglaterra, como descendente de ingleses penso que devemos nos aproximar culturalmente desse país , que muito admiramos em vários aspectos. Os nobilíssimos ideais românticos de Sir Walter Raleigh, que é um dos mais importantes personagens da história daquele país, e o profundo interesse pela libertação do Império Inca frente ao domínio espanhol desse poeta de ideais libertadores, fizeram com que eu me apaixonasse pelos sonhos românticos do grande homem que ,ao lado do descobridor Roland Stevenson, com muita honra e exultação redimimos junto à história da humanidade. Esperamos que a Inglaterra, como o país do mundo que mais preserva a sua história e cultura, contribua conosco para redimir tal memória, a fim de reparar a terrível injustiça por este país cometida contra Raleigh no passado. Enquanto a Inglaterra não proceder de tal forma, sua Justiça e sua História estarão manchadas com os mais ultrajantes estemas, que a envergonharão pelos séculos vindouros e acabarão por romper-se em fétidas chagas. Se a Inglaterra não agir assim, poderá se considerar um país que está em vias de aculturar-se, se tornando semelhante ao Brasil nos aspectos que condena neste país, no que se refere à omissão em relação à proteção dos Indígenas e dos capítulos maiores de sua cultura e história. Em nome da cultura e da história do Brasil e da Inglaterra, peço que estes países se unam para restituir a memória desse grande homem, e para devolver aos nossos povos um dos capítulos maiores de suas histórias, que lhes é de direito. Enquanto estes dois países forem omissos em relação a esta questão, estarão se portando como manipuladoradores ,obliteradores e ocultadores de suas histórias e culturas, o que os coloca na categoria das nações de segunda classe. Mas, como a Inglaterra não é um país de segunda categoria no quesito memória, pode-se considerar quase certo que tal país esteja tratando desse assunto de forma extra-oficial, o que com certeza não deve ser aprovado povo brasileiro, e muito menos pelo povo inglês.

Não podemos simplesmente expulsar a Survival International de Roraima e do norte do Amazonas como o fez Evo Morales na Bolívia, devemos aprender também a conhecer a gloriosa parte de nossa história e cultura que foi por nós brasileiros mais violentada. Aqui no Brasil o problema é bem mais complexo do que na Bolívia, e a sua resolução exige diálogo aprofundado. Conquanto seja eu um patriota e defensor da Soberania Nacional, acredito que a atuação da Inglaterra na Amazônia até certo ponto remeta aos nobilíssimos ideais libertadores de Raleigh, consituídos nesse caso por grande respeito e proteção aos indígenas. Não devemos ficar apenas criticando a atuação da Inglaterra na Amazônia, pois uma grande parte dessa atuação é verdadeiramente louvável e bem vinda, mas devemos também aprender a escutar com sabedoria algumas críticas severas e legítimas sobre a nossa atuação na região, a fim de irmanar as duas nações que mais se interessam pela história, pela cultura e pela ecologia da Amazônia, que são o Brasil e a Inglaterra, de forma que esta irmanação corporifique o nobílissimo espírito de Sir Walter Raleigh, desde que isso respeite a integridade e inviolabilidade de nosso território. É certo que eles também devem ser humildes e ouvir envergonhados às críticas legítimas que nossos indígenas fazem ao modelo de desenvolvimento desenfreado e evolução pregado pelos países do primeiro mundo, uma vez que esse modelo deve resultar brevemente no colapso ambiental mundial. Que eles escutem humildemente as críticas de nossos indígenas, que são os maiores ecologistas do mundo, em relação às mazelas da Revolução Industrial e àquilo que pelos europeus é chamado de desenvolvimento, a fim de que o nosso planeta encontre uma visão salvífica que seja um meio termo equilibrado entre a dos nossos indígenas e a dos europeus, de modo a vencermos o maior desafio de nossa história, o de revertermos os danos causados ao nosso planeta pela Revolução Industrial.

Escutemos então humildemente da mesma forma as críticas legítimas que os especialistas ingleses fazem em relação a determinadas regiões da Amazônia, assim como às políticas e legislações indígenas relacionadas, e vejamos quais delas são fundamentadas e quais não o são. Vejamos o que tem fundamento e o que eventualmente não o tenha na Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas da ONU que os brasileiros tem criticado sem apresentar argumentos consistentes em tais críticas, coloquemos tudo numa balança e, por fim, encontremos um meio termo, de forma a conciliar os Interesses Nacionais com os da ONU. Não fiquemos criticando como pirracentas crianças essa declaração sem antes reconhecer com atilado discernimento o que nela existe de realmente nobre, edificante, didático e belo, de forma a tentar conciliá-la com a futura legislação nacional. Não sejamos cegos, segundo a legislação da ONU as reservas minerais de subsolo de uma determinada região indígena são de propriedade desses indígenas. E isso é errado ou é edificante e libertador? Se o Brasil quer minerar em Territórios Indígenas ,coisa a que somos diametralmente contrários, é bom a pensar na possibilidade de dividir meio a meio com os indígenas o direito sobre a jazidas minerais de seus territórios ,talvez assim o Brasil agisse de forma mais sábia do que faz agora, pretendendendo oferecer a eles royalties miseráveis de 2,5% como propostos na PL 1610/96. Acaso pensamos que não seremos brutalmente criticados por instâncias interncionais se aprovarmos tal lei e transformarmos nossos indígenas em esmoleiros através daqueles royalties miseráveis? Mas como esse seríssimo problema só vai estourar se aquela PL for aprovada, é melhor que a mineração em Teritórios Indígenas continue a ser proibida no Brasil, coisa que sem dúvida será apoiada pelos ecologistas brasileiros e ingleses

Devemos, igualmente, examinar o que existe de belo e o que existe de injusto e vergonhoso na parte de nossa atual e futura legislação que diz respeito aos Direitos dos Indígenas. Por acaso achamos que ,com a aprovação desse medíocre Estatuto dos Indígenas que está sendo redigido, resolveremos esse problema internacional? Quem pensa assim está redondamente enganado. Grandes problemas virão no futuro se pensarmos assim, e se aprovarmos a mineração em territórios indígenas, estejamos certos disso. Vejamos as críticas que a Survival International e o seu grande historiador John Hemming, um dos maiores e mais respeitados especialistas da história dos Incas e dos indígenas da Amazônia, a quem dedico o mais profundo respeito, fazem à política e legislação indigenista brasileira, assim como ao tatamento dado à história dos indígenas pelo nosso Ministério da Cultura. Sem qualquer dúvida ,John Hemming possui um trabalho de historiador e indigenista da mais alta envergadura e respeitabilidade, podendo ser tido como o segundo maior pesquisador da Amazônia e do El Dorado, perdendo somente para Roland Stevenson. Perguntemos também a Hemming, que é um grande especialista, quais são as suas críticas em relação à vergonhosa PL1610/96 e ao nosso medíocre Estatuto dos Povos Indígenas, e analisemos friamente se estas são ou não legítimas. Pelo menos uma parte com certeza será legítima e conciliável os Interesses Nacionais, com toda a certeza. Só assim ,poderemos receber importantíssimas contribuições para o aprimoramento de nossa legislação e para a preservação das culturas indígenas da Amazônia. Dialoguemos com o Príncipe Charles, que é um dos maiores ecologistas e protetores da cultura da Amazônia e sigamos como aliados para com os indigenistas ingleses fazermos uma parceria , a fim de que possamos realizar juntos o máximo que pudermos pela preservação da Cultura dos indígenas e da ecologia da Amazônia.

Só depois de examinarmos a nossa vergonhosa legislação ,assim como a nossa triste atuação em relação à nossa história e às nossas culturas indígenas, poderemos criticar legitimamente a atuação da Inglaterra na Amazônia. Acho muito melhor nos aproximarmos dos Ingleses e dialogarmos mais abertamente do que tratarmos dos problemas da Amazônia como se eles dissessem respeito somente ao Brasil, o mundo sabe que não é bem assim. Conciliarmos abertamente os interesses internacionais com os nacionais sobre a Amazônia é um grande desafio que exige maturidade, diálogo ponderado e amigável. Para esse diálogo não podemos nos portar como ingênuas e pirracentas crianças como nos portamos atualmente, devemos atingir uma certa maturidade cultural para pensar e argumentar com coerência como nação. Como tudo que é ocultado é facilmente manipulável ,partamos para o diálogo, em certos casos oficial e em outros extra-oficial, em nome da Soberania Nacional , da ecologia ,da história, da cultura e dos nossos indígenas. Abaixo à PL 1610/96 e ao seu substitutivo. Libertar as nossas culturas indígenas da opressão e misérias que lhes são impingidas pelo homem branco ,sem jamais atentar contra a Soberania Nacional do Brasil , é essa a parte do espírito romântico do nobilíssimo Raleigh que deve inspirar ambos os países nesse diálogo.